sábado, 7 de novembro de 2009

Eu te prometo “NADA”

Eu te prometo “NADA”

Hoje, é o dia que não te prometerei nada. Sei que já te prometi amor, carinho, fidelidade. Lembro também, que te prometi, sempre “falar a verdade, nada mais que a verdade, acabou que não que não cumpri tudo, teve certas vezes que não disse tudo, usava das pequenas inverdades como um escudo, como forma de me proteger da sua reação, afinal, como já havia me comprometido ao te prometer tanto, não gostaria que uma ação minha impensada, te fizesse sofrer, usava das minhas versões, um pouco de brilho e mais cor, como forma, que  caso supostamente  não houvesse acontecido, não geraria qualquer tipo de atrito ou dor.

Pois é, não deu muito certo, afinal, não era pra ter dado mesmo, assumi riscos que não poderia, acabei deixando dívidas que jamais pagaria, mesmo assim, achava que poderia algum dia te dar esse mundo, por isso eu prometia.

Percebi, nunca deveria ter feito tantas promessas, talvez deveria ter me acalmado mais, e ter resolvido tudo na base da conversa, deveria ter sido mais calmo, em vez de sempre agir com tanta pressa, foram tantos erros, que me encontro “todo errado”.

Por isso, hoje não te prometo nada, não prometo que vou te ligar, porque na verdade eu não sei o amanhã, posso ficar com vontade, posso estar atarefado, e acabar ocupando minha cabeça com outra coisa, não te prometo também, que serei esse mesmo “cara”, talvez mude, emagreça ou engorde, amadureça ou me torne mais infantil, não te prometo um futuro, nem posso te prometer meu presente, nem minha vida, porque tudo não passa de incertezas.

Afinal a vida é incerta, a morte é certa, você não pode fazer promessas, se comprometer é um lixo, só gera esperança e expectativas, de onde são formadas as decepções dos seres humanos, por isso eu não prometo pra mim mesmo que vou saber esperar, até porque a vida passa rápido, ela é dinâmica, ela te muda de lugar, de posição social, não dá pra ficar contando com o amanhã. ´

Realmente, nunca deveria ter feitos tantas promessas, acabei quebrando todas, vai ver que elas foram feitas para terem sido quebradas, afinal prometi me afastar, acabei me reaproximando, prometi não chorar, acabei chorando, prometi mudar, acabei não mudando, perder a essência é complicado, mais o gostar é fácil, é simples, basta um olhar, a tal química e um beijo, mas o desgostar é muito mais complicado, por isso,eu não prometo que vou aprender, eu não prometo que minha vida vai ser mudada, a única coisa que te prometo, é nada.

? (NEM EU ME ENTENDO)

Talvez quando eu me desvendar

Seja tarde demais.

Talvez quando um novo “eu”

Surgir

Você nem se encante mais.

 

Talvez quando minhas dúvidas venham me revelar.

Você possa entender.

Que eu poderia suportar todas as idéias

Menos essa de te perder.

 

É que, continuo aqui a filosofar.

Perco-me em minhas e tuas razões.

Às vezes da tua verdade

Eu preciso me afastar

E a minha tento te fazer decifrar

 

Acabo nos colocando em situações

Que jamais deveríamos estar.

(RITTER)

caos

O quarto que um dia foi cheio,

Ficou vazio

O calor humano sumira,

Restou o frio.

A alegria desaparecera,

O amor partiu...

Das noites de comemorações e bebedeiras

Sobrou apenas

O copo de uísque na cabeceira

Que caiu...

No tapete, ele se diluiu.

Sobraram apenas as pedras de gelo

Do scotch de 18 anos

O preferido das comemorações

Hoje,

Não estava nos seus planos.

A garrafa acabara.

Não havia mais bebida

 Que pudesse esquentar.

A música já não era mais ouvida

Como forma de relaxar.

O clima cada vez mais tenso

Afinal, já não havia com o que pensar.

O jardim estava morrendo

As flores murcharam

Já os espinhos, firmes e fortes

Se destacaram...

Aquilo não era mais um lar.

Transformara-se em uma prisão

Será que nunca existiu nada ali?

Tudo não passara de uma ilusão?

Como já não havia mais pessoas

Restara apenas um sobrevivente em cima do colchão.

Com o controle da TV em uma de suas mãos

Em outra, havia um total descontrole da situação

Deste caos.


(ritter)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

E quem disse que sempre haverá razões?
Para todas as minhas ações...
E quem disse que preciso de motivações?
Para formar as minhas próprias conclusões
Pois acabei de perceber
O quanto estou vivo!
A vida acabou de me convencer...
Que tudo é relativo!
Prendendo amadurecer
Sem envelhecer
Pretendo ser feliz
Sem ter que enriquecer
Acabo de perceber
Existes dois para o superlativo
Inferioridade e Superioridade
Formarei minhas idéias
Encontrarei minhas verdades
E escreverei um livro.

Adaptação

O poeta tornou-se um sonâmbulo, por sua vida ter girado a 360° graus, mergulhou em outro mundo como forma de se encontrar, como se as ocasiões por ele vividas o tornara travado, para transformar páginas em branco, sua forma de se expressar e enxergar as coisas, os sentimentos, às pessoas, a si próprio.

Tal situação começara ao intrigar de uma forma, que já não conseguia passar seus dias sem nada refletir, estava parecendo que estava recordando quem ele era, durante boa parte de sua vida até se entregar ao sonambulismo.

Poucos entendiam que tudo não passava de uma defesa contra si próprio, afinal o seu “verdadeiro eu”, sujeito questionador, inquieto, um tipo sonhador sem nenhum dos pés na realidade do chão, pára-quedista (jogava-se de corpo e alma em meio de tudo que o interessara), homem sem limitações, o seu pensar não havia fronteiras, bastava sonhar, e se algo intrigava, ele escrevia, tornando-se um poeta, que vivia, descrevendo sua vida em poesia.

As decepções da vida o transformaram em um sujeito ameno, sem grandes sonhos, sem pensar em grandes conquistas, como o defini, tornou-se um “sonâmbulo” , um sujeito comum, se acomodara, escondeu suas virtudes, trancou-se em um quarto, e quando saia seria apenas para cumprir com as obrigações diárias, comparando-se ao um animal selvagem, sendo obrigado a viver em um viveiro, pois a selva se tornara perigosa, causando-lhe risco. Mal sabia este que o bom da vida é o risco, a ousadia do ser humano, sua inquietude...

Com o passar do tempo, como dito antes, a tristeza e a melancolia, começaram a lhe golpear, o sentimento de falta, a carência de algo, começou a sentir a ausência daquele sujeito que deixara de lado, para viver como um sujeito normal e ter uma “vida comum”, mais percebera que esta vida poderia significar menos risco, mas com certeza significava uma vida triste e miserável.

Até que um dia, despertou cedo com seu rádio relógio tocando uma música do Nando Reis. A música dizia:

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabiaEu não encho mais a casa de alegriaOs anos se passaram enquanto eu dormiaE quem eu queria bem me esquecia
Será que eu falei o que ninguém ouvia?Será que eu escutei o que ninguém dizia?Eu não vou me adaptar, me adaptar
Eu não tenho mais a cara que eu tinhaNo espelho essa cara já não é minhaÉ que quando eu me toquei achei tão estranhoA minha barba estava deste tamanho
Será que eu falei o que ninguém ouvia?Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Como se um balde água fria fosse jogado diante sua face e o acordasse para que o fizesse reacender alguma luz em seu modo de viver, passou a refletir que não havia motivo,nem razão, para se adaptar, não havia vida, nem se quer significado para assim anular, acabaram as lamentações, estaria mais que na hora de acordar.

A vida poderia ser reescritas por ele em palavras passariam a rimar, do jeito que estava ele nunca iria se adaptar...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Decisões

Os caminhos foram aparecendo
Indicando varias direções

Minha intuição sempre obedecendo
Ao tomar minhas decisões

Às vezes ia me surpreendendo
Com minhas próprias reações

Hoje me encontro revendo
Do que tirei dessas lições

Outras me achando
Outras me perdendo
A vida é uma jaula de leões

Um passo em falso
Perdemos o que construímos
Dos nossos sonhos
Das nossas ilusões

Se vida é provação
Se a reprovação
Ou aprovação
Depende de você se dar a chance

Se é “sim” ou se “não”
A vida é decisão...

Diante disto
Jamais penso em ficar inerte
Pois das decisões que me levaram ao lugar que estou

E o resultado delas
Diz-me quem eu fui...
E quem hoje eu sou....


Ritter

terça-feira, 30 de junho de 2009

Tentei usar de todos os meus artifícios
Pra te conquistar
Acabei deixando vestígios
Pra que pudesse me rastrear...

Entre promessas e litígios
Onde iria acabar?
Entre sujas intenções e prestígios
Sem que eu pudesse mais voltar...

Uma simples respostas
Para todas as perguntas
Bem que poderias me dar...

Em vez de ficar...
Fora do ar...
Em vez de roubar
Todo meu ar...
Todo meu "eu"

Todo meu "eu", se perdeu...assim que você apareceu...se corrompeu...com uma única expectativa, que meu lábios viajasse por todo seu corpo, deixando minha saliva, a mente ficou ativa, esperando que a idéia se tornasse concreta, em vez de relativa...

sábado, 30 de maio de 2009

Meu amigo William comentou...


‘De um angustiado para outro’

Ao ler suas rimas ,seus pensamentos
Percebi que em nossos corações
Existem mais que semelhanças
anatômicas e/ou fisiológicas.

Ambos possuímos em nossos corações
catedrais imensas ,onde os sinos
de tão altos e pesados
raras vezes são alcançados.

Mas além dos sinos ,
Nossos templos possuem
Uma infinidade de atrações
Como o velho Louvre.

Onde necessitamos de tempo
De atenção acurada
Pois sem querer , movidos pela pressa
Podemos perder grandes emoções.

Mas quem disse que viver é fácil?
Se fosse fácil, nasceríamos chorando?
Pois como li: nascemos pelados,
Banguelos e carecas.

Mas sempre pode ser pior
Já pensou se por descuido
Quebrássemos a imagem dos
Nossos próprios sonhos ?
Mailliw

quarta-feira, 27 de maio de 2009

"O cara comum"

Ele era um cara comum

Mas não possuía limites

Certo de suas convicções

Não aceitava palpites

Sempre acreditou no destino

De algum jeito eles ficariam quites...

 

Ele era um cara não tão comum assim

Tinha suas peculiaridades

Preferia acreditar em certas mentiras

Do que às vezes encarar as dores

Das verdades

Achava que o sofrimento poderia ser retardado

Encobria suas inseguranças

Não demonstrava suas desconfianças

Das poucas lembranças

Dos traumas que sofreu quando criança.

Fantasiava-se de gladiador

Entre um escudo

E uma lança.

Prestes a acabar com o seu rancor.

 

O cara possuía tudo

Ao mesmo tempo não obtinha nada

Ele era um cara de muito estudo

Mais nenhuma de suas teorias nunca fora empregada

Sua cabeça era um quebra-cabeça

Sem a ultima peça nunca ter sido encaixada

O cara era completo

Repleto de memórias de uma vida inacabada

Alguns o chamariam de correto

Mas sempre propenso a escolha errada

Tentava ser discreto

Tenso por ter algum dia sua vida relatada

Ele era um cara incomum

Pois de comum não tinha nada!

                                                                                         Ritter

“Dois corpos não ocupam mesmo lugar no espaço”

Os corpos se perderam entre divisas

Acabando suas expectativas

As declarações já não eram tão criativas

As prospectivas

Se foram...

 

Em conversas evasivas

Raivas tão compelidas

Cicatrizando como feridas

Nestas duas

Pobres vidas...

 

Existia sonho, que poderia ser concretizado

Existia um plano, prestes a ser elaborado

Existia um sentimento, ultrapassado, calado, trancado...

Ficando de lado

Por dois corpos...

Cada vez mais distanciados


O mesmo lugar  no espaço por dois copos não pode ser ocupado.


Eram dois corpos

Que deram vozes imaginação

Dois corpos

Que seguiram a intuição

Dois corpos

Acompanhados da solidão

Dois corpos

Entre promessas e preocupação

Dois corpos

Um reiterava um sim

Enquanto outro dizia

Não...

                                                                  Ritter


                                                                                                                     

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"Pelados banguelos e carecas"


Hoje eu estou bem, estou feliz e completo, melhor impossível!

Quando cheguei aqui nesse mundo, me encontrava: sem roupa; sem dente e sem cabelo.

Hoje possuo todos esses apetrechos e saúde para trabalhar!

O que mais posso querer?

Tudo está do jeito que olhamos as coisas...

Não devemos encarar a vida pelo lado negativo, pois acredite as coisas podem piorar...

Aproveitar o melhor de cada coisa, cada minuto, um dia você pode não possuí-los e sobraram arrependimentos, não deixe a rotina acabar com o seu olhar pra lua, e ver como bonita está à noite, caso estiver chovendo, tome um banho de chuva, volte a ser criança, viva, aproveite o que na vida realmente importa e o importante é o que te faz bem!

Quando penso na vida, é quase impossível não pensar na morte, outro dia quando não passava nada que me agradava na TV, estava cansado das tragédias nos noticiários, já havia visto todas as reprises dos gols que aconteceram no domingo de futebol, sintonizei em uma novela, recordo de uma parte em que um dos atores, falou para sua mulher: “Quando eu morrer, você tem que prometer que meu caixão vai permanecer fechado durante todo o velório até que meu corpo seja enterrado por completo”

Enfim, percebi seus motivos, por ele sempre ter sido aquele cara feliz, e gostaria que as pessoas o lembrassem desse jeito, “tivessem as melhores lembranças, e não, aquele cara pálido, atrofiado, que estava a caminho a sete palmos do chão, onde tudo que lhe restou fora àquela caixa e os comentários maldosos, como sua aparência havia mudado e etc.

É assim que tem que ser encarada a vida, feito de momentos bons, só assim devem ser guardados e vividos, o que não for bom deixe pro seu caixão, guarde-as na caixa escondida, e se sinta completo, as coisas podem melhorar ou piorar, mais o segredo de tudo é não desistir e sorrir das piores situações, afinal olha como chegamos nesse mundo, pelados, banguelos e carecas, o resto e lucro!

                                                                                                 Ritter

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Meu travesseiro é meu melhor amigo!

É nele que durmo; encosto minha cabeça naqueles dias que não há colo de ninguém, e durmo bem, tranqüilo.

É ele que abraço, quando não há ninguém pra abraçar, enrosco minhas pernas quando elas estão cansadas daquele longo dia, seja de farra;trabalho;ou uma simples caminhada que fiz tentando ter aquela mesma forma que tive aos vinte.

É com ele, que derramo as lagrimas, e as deixo lá, porque quando saio do meu quarto, me sinto desprotegido, e tenho que colocar a mascara do sorriso no rosto, afinal ninguém nunca se importa com seus problemas de verdade, mais meu travesseiro sim, um verdadeiro de divã.

Ele escuta calado, se amolda a melhor posição; em todas as situações: seja para que eu leia aquele texto chato da aula do dia seguinte; aquele livro interessante, um verdadeiro “Page Turner”, aquele programa de TV, ou aquelas posições do kama sutra, por que não?

Sinceramente, meu travesseiro, é meu companheiraço, mais tem vezes que ele sai da cama, fica sem espaço pra ele, apenas certas situações, mas depois que o carnaval passa, ele volta sem reclamar de nada, como se nada tivesse acontecido, preparado pra apoiar minha cabeça, e escutar meus pensamentos,meus segredos, minhas lamentações, meus medos,até  meu ronco por que não?

Não sei se ronco, mas ele sabe tanto sobre mim, deve saber.

O comportamento dele me faz perceber, que posso não ter muitas coisas neste momento da minha vida, mas ele se faz indispensável e imprescindível.

Afinal todas as noites, é com ele que encontro abrigo, nomeio hoje, meu travesseiro como meu melhor amigo!

                                                                                                                                                                               Ritter

                                                             

gostei do que vi

" Tanto gostei do que vi, que ainda não esqueci..." Ritter

O insistente

Eu tentei te ganhar

Mas você parecia perdida

 

Eu tentei te oferecer uma dose

Mas disse que não era chegada à bebida

 

Eu tentei pedir pra que você ficasse

Mas afirmou que a festa tava chata

Já estava de partida

 

Eu tentei te pedir calma

Mas já se encontrava decidida

 

Eu tentei te levar em casa

Mais sua carona já estava garantida

 

Eu tentei então perguntar seu telefone

Você afirmou que não dava

Pra gente desconhecida

 

Eu tentei assim me fazer conhecer

Mas você parecia já estar resolvida

 

Eu tentei me fazer aparecer

Mas nenhuma troca de olhar foi mantida

 

Eu tentei me declarar

Você afirmou que não acreditava

“Em amor pra toda vida”

 

Eu tentei mais não consegui acreditar

Que você não era comprometida

 

Eu tentei mais me conformar

Pois você já estava de saída

 

Eu tentei me controlar

Mas você foi seguida

 

Eu tentei parar

Mais quando saltou do carro

Foste detida

 

Dessa vez, eu não tentei,

Eu te beijei

Hoje se encontra derretida

 

Tudo que eu quis aconteceu

Hoje a estória foi invertida

 

Em contrapartida

Hoje você tenta me ligar

Mais sua ligação não é recebida

 

Hoje você se cansa de tocar a capainha

Mas não conte que vá ser atendida

 

Hoje você tenta me encarar

Mas não é correspondida

 

Hoje você tenta vir até mim

É mal recebida

 

Penso que você deveria ter recebido aquela bebida,

Que poderia ter ficado um pouco mais e não ir em direção a saída,

Ter me tratado com educação e não ter sido tão metida

Quem sabe você hoje não estaria comprometida?

Hoje tudo que você que levara de mim, é uma mão batida, um simples gesto de despedida, por mais que valeu o esforço para aquele beijo, ainda não deu pra sarar a ferida, até porque todos os lugares que vou, te encontro, tua cara tornou-se batida, infelizmente hoje você tem que se conformar como da voltas nossa vida

     

                                                                                                                             Ritter

Bom é ter Alguém

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: ´eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também´. No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração ´tribalista´ se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é precisocomer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como:não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter ´alguém para amar´.. Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...Arnaldo Jabor

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem noódio vocês combinam. Então?Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem amenor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você amaeste cara?Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucurapor computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.Arnaldo Jabor

Miopia Amorosa

Meu tio Fábio, falecido homem sábio do interior, certa vez me disse o seguinte: “Mantenha distância de mulheres que usem muito as palavras ‘eu’, ‘meu’, ‘minha’. Prefira as que falem ‘nós’, ‘nosso’ e ‘nossa’. Algumas vezes não segui os conselhos de tio Fábio, Deus o tenha. E nessas vezes todas vezes me dei mal. Topei com mulheres egocêntricas, para as quais poucas coisas, se é que alguma, importavam além delas mesmas. (A advertência de tio Fábio se aplicaria perfeitamente também para as mulheres. Fosse eu Fabia, não Fabio, ele certamente diria para fugir de homens que despejam pela boca ‘eu’, ‘meu’, ‘minha’.)A boa relação amorosa só é boa porque os dois pensam menos em seus interesses pessoais e mais nos interesses de ambos. Não estou dizendo aqui, longe disso, que você deve abdicar de suas vontades. Quando você faz isso começa a morrer. O que estou propondo – aliás, nem sou eu, mas tio Fabio - é que se levem em consideração as vontades dos dois. (E lá vou eu para mais uma digressão. Um amigo meu, Carlos, um grande cara, sempre bem-humorado, gosta de contar sorrindo que sua namorada joga fora seu exemplar da Playboy quando o vê com a revista. Um dia esse sorriso fatalmente desaparecerá. Carlos abdicou de sua vontade. E foi ajudado por uma namorada que diz copiosamente ‘eu’, ‘meu’ e ‘minha’. Namoros assim não podem dar certo. E não dão.Você tem que doar algo no amor. E a mulher também tem que doar algo a você. O grande amor, o amor verdadeiro, é essencialmente solidário e altruísta. Ela quer sair pra dançar. Você quer ficar em casa comendo pipoca e vendo o teipe de um jogo do campeonato italiano. É uma situação absolutamente normal. Banal. Ela se complica quando nem você consegue enxergar o desejo dela (e concordo que sair para dançar é um grande mico, sobretudo quando se pode ver o teipe de um jogo e há um saco de pipoca louco pra ser posto no microondas), nem ela o seu. Os dois são, nesse caso, amorosamente míopes. E não há nada, nem mesmo uma abrasadora química que leva a um sexo extasiante, que resista à miopia amorosa. O míope amoroso só vê a si próprio. E depois, quando as coisas não dão certo, atribui toda a responsabilidade à outra parte. Permissão para mais uma digressão? Gracias. O míope amoroso (homens e mulheres estão incluídos nessa categoria, evidentemente) jamais limita sua miopia ao campo do amor. Estende a todas as outras atividades. No trabalho, o chefe é, para ele, sempre um tirano injusto. E o colega, na visão parcial e distorcida dele, está sempre pronto para puxar seu tapete. Quando um projeto fracassa, a culpa é jamais do míope. O míope amoroso é míope profissional também. O mundo o persegue, cruel como um cossaco russo, para usar uma expressão clássica de tio Fabio. (Jamais soube se os cossacos russos eram cruéis mesmo. Mas não faz mal. Se tio Fabio falou, para mim, já é mais que o suficiente.)Reconhecer uma mulher que só pensa nela mesmo é fácil. Ela pode ser esperta o bastante para não abusar do uso de ‘eu’, ‘meu’ e ‘minha’. Mas numa conversa, quando você estiver falando de suas coisas, os olhos dela rapidamente voarão para um ponto bem distante. Ela não prestará atenção senão no que disser a respeito ela mesma. A mulher de vista plena, em oposição à míope, olhará fixamente nos olhos. Ouvirá com devoção cada palavra que você disser, mesmo que não concorde com nada. E depois será capaz de reproduzir suas falas nas vírgulas. Os relacionamentos são todos difíceis, sabemos nós. Mas são simplesmente impossíveis quando a seu lado está uma míope amorosa. Aí, por mais esforço que você dedique ao namoro, por mais empenho que tenha para que as coisas funcionem, se tratará de mais um triunfo da esperança sobre a experiência, para usar a clássica expressão do Dr. Johnson.