segunda-feira, 27 de abril de 2009

"A culpa foi do café"


Sabia que caminho seria longo,mais o tempo no começo parecia passar muito rápido quando estava com você, foi quando ele começou a diminuir sua rapidez, achei que era porque a estrada já não se encontra em perfeitas condições, o nosso meio de transporte também não, os pneus estão ficando carecas, a suspensão já se encontra fazendo um barulho irritante, as condições do tempo atrapalha, começamos a nos perder.

Perdemos a paciência, as musicas do começo da viagem começaram a ficar chatas, enjoativas, percebo que os planos feitos ao longo da viagem vão se perdendo, acontecimentos inesperados vão acontecendo, o nosso mapa se estragou devido você não me escutar enquanto bebia café, com o carro em movimento, fico aborrecido, por quantas vezes ter te avisado que era para esperar eu estacionar, mais não, você não me escutou. 

Estamos perdidos, sem qualquer senso de direção, não só seu que nos guio, você também esta me dando as coordenadas ao longo da viagem, usamos nosso instinto, depois no mapa estragado pelo seu café, a viagem passa a não ser a mesma, começamos a entrar em divergência, a calma passa a ser a nossa maior virtude, mais também a mais longe de ser alcançada neste momento, não gosto suporto suas atitudes, você já não me passa mais tanta segurança, ainda fico matutando em minha cabeça, a quantidades de vezes que te avisei, mesmo assim pedi para que não repetisse novamente, soubesse o momento certo, afinal o mundo não iria acabar se você esperasse mais um pouco.

A nossa viagem começa a entrar por um caminho sem volta, não sabemos onde estamos. O som agora já se encontra desligado, você nem parece não ter ligado para o que eu disse, e o pior de tudo, na minha concepção, acho que eu tenho toda razão na estória. Você se preocupa com outras coisas, procura em sua bolsa, algo para se distrair, acha um daqueles joguinhos tetris, a minha raiva cada vez mais aumenta , começo a ficar impaciente, aquele barulhinho misturado, com o barulho da suspensão, e seu assovio, faz com que eu acumule um serie de pensamentos negativos sobre você, sobre nos, sobre a nossa relação.

Passo a lhe observar de outra maneira, passo a conhecer seu jeito desconhecido ou talvez que eu nunca quis enxergar, começo a me desencantar e me fazer perguntas, ao tentar encontrar aquela mulher que escolhi para traçar o caminho de minha vida comigo, aquela que eu levaria café na cama e acordaria sendo beijada; talvez  por ela renunciaria a gelada dos finais de semana, gastaria todo meu tempo possível, esqueceria das responsabilidades, mesmo que tivesse que escrever um artigo para o jornal da manha seguinte,acontece eu a apenas a amava, então o que aconteceu o longo do caminho?

Já se passaram algumas horas, e nenhuma palavra foi dirigida, nem se quer um pedido de desculpas, quero ir ao banheiro, mais não desejo parar, meu desejo e continuar seguindo em frente, empurrando com a barriga toda aquela situação, pois me iludo ao achar que logo que chegarmos tudo vai voltar a ser como era antes.

Ate que você pega o café novamente, dessa vez não falo nada, me calo, fico apenas observando, deixo que você faça o que quiser dessa vez, acabo percebendo que logo adiante que o asfalto esta prestes a acabar, a suspensão esta quebrada, o carro vai chacoalhar, e você vai cometer o mesmo erro, dito e feito, dessa vez foi o estofado do carro, serei obrigado a agüentar a viagem com cheiro do maldito café, caminho se tornara mais longo.

Minha cabeça começa a latejar, seguro no volante com extrema força, meu semblante muda, continua calado, mais estou bufando feito um touro, e o pior você parece não se importar com o que aconteceu, nem sequer pediu desculpas, no meu ponto vista, achava que poderiam acontecer milhões de outros acontecimentos nesta viagem, mais não que você fosse fazer isso novamente, será que não enxerga que não foi um acidente? Persististe no erro!

Depois de alguns minutos, meu stress aumenta, enxergo uma placa, há uma cidade próxima há alguns quilômetros,já se passou a hora do almoço e preciso ir urgentemente ao banheiro, a estrada não possuía acostamentos, começa a tudo dar errado. Sigo em direção a informação que constava na placa, estaciono em um hotel.

Eu acordo você friamente, e peço que se estiver com fome, faça seu prato ou senão desejar alimentar-se, que tome ao menos um café.

Fui sarcástico, depois de voltar do banheiro, não me encontro aliviado, pelo contrario, ao te olhar, percebo que seria melhor se seguisse viagem sem a sua companhia e que talvez seu lugar não fosse mesmo naquele carro ao meu lado, enfrentando trancos e barrancos, talvez não fosse do seu perfil ter de agüentar isso tudo, afinal pelo seu comportamento durante o caminho que percorremos, que esta viagem nem parece tão importante pra você e sei que o pior de tudo, jamais me esquecerei do café, o cheiro esta por todo lugar.

Vou ate a sua direção, você diz que esta cansada, eu respondo logo em seguida que também estou exausto, sugere então para descansarmos em um quarto, eu concordo.

Converso com o gerente, peço meia- diária, ele faz um abatimento no preço, conseqüentemente percebo que uma conversa, pode mudar tudo, talvez um pedido de desculpas, menos orgulho ou se você me conhecesse  melhor apenas através do meu olhar, mais chega de “se”, estamos vivendo “o agora”, e não sei se quero deitar-me ao seu lado, sei que seu poder de sedução e fatal, temos uma forte questão de pele, isso faria com que eu  esquecesse assim o café, e meus pensamentos sobre saber se você e a pessoa certa para estar comigo, ou seus defeitos agora tão enormes talvez sumissem depois que eu gozasse.

O recepcionista nos leva ate o quarto, me entregava à chave, me deparo com o numero do quarto, na porta esta escrito em uma placa 08, acabo por deparar-me com uma ironia do destino.

Logo faço uma analogia ao perceber que corresponde ao ciclo da vida, por isso usamos anel, pois e assim que homenageamos o amor que sentimos um ao outro, não tem começo nem fim, e um zero, gira sempre, por isso o simbolismo por trás das alianças de casamento, o outro numero era o 8 , que quando deitado, torna-se o símbolo de infinito, e para mim naquele momento, estava tudo se acabando tudo desmoronando.

Hesitei ao entrar naquele quarto, e decidi assim não fazer, imediatamente, desci correndo as escadas, paguei a diária adiantada, deixei um dinheiro no cofre, pedi para que entregasse a chave pra você assim que acordasse, junto com a passagem de volta para o lugar que eu te tirei.

Entro no carro, começa a passar um filme em minha cabeça, não há tempo para duvidas, apenas para certezas, e neste momento estou aliviado.

Há certa adrenalina nesta viagem, estou correndo, me tornando livre; afinal você não esta pronta para seguir junto viagem junto comigo, nos pensamos diferentes, agimos também, ocorre que fomos submetidos, pela energia da paixão, da empolgação, do sexo, mais e depois, quando tudo acabar?

No carro percebi que precisaria ser muito mais tolerante, e que você deveria ter me escutado mais, se quisesse que desse certo, mais talvez tenha sido melhor assim.

Eu parti sem me despedir, afinal despedidas são tristes, e sempre há espaços para flashbacks ou feridas, pois sempre vai ver algum dos dois que não aceita, e jogar na cara tudo que estava guardada a sete chaves durante a relação.

No final percebi que só conhecemos nossa companhia em viagens, e nossa chegou ao fim, vou seguir sozinho a partir de agora, e olha de forma alguma foi culpa sua, a culpa foi da estrada, do carro, das musicas, a “culpa na verdade foi do café”.

                                                                                                                                                   RITTER

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